sexta-feira, 1 de abril de 2011

Intercidades para em Vila Franca das Naves apenas em alguns horários

A luta pela paragem de mais comboios na estação de Vila Franca das Naves está de volta. Além de um movimento de cidadãos, criado nas redes sociais, a autarquia de Trancoso já reivindicou junto da CP e da Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas a paragem de todos os Intercidades da linha da Beira Alta a partir da mudança do horário de verão.
Segundo o vice-presidente da Câmara de Trancoso, esta exigência faz cada vez mais sentido em função das novas acessibilidades rodoviárias, que tornam agora aquela estação de comboios mais “próxima” de várias localidades. «A construção do primeiro troço do IP2 permite um acesso muito mais rápido e cómodo a Vila Franca das Naves», justifica António Oliveira. Da CP, o autarca espera «compreensão» e «uma noção clara de que tem de haver uma conexão entre a via rodoviária e ferroviária». Atualmente, dos três Intercidades diários que partem da Guarda rumo a Lisboa, só dois param em Vila Franca das Naves, um pelas 7h34 e outro pelas 18h27. No sentido contrário para apenas um, com chegada à vila beirã às 17h30. Cidadãos e autarquia concordam que o primeiro troço do IP2 encurta a distância entre a estação e municípios como Vila Nova de Foz Côa, Mêda e Torre de Moncorvo, entre outros.
«Neste momento não pode haver a desculpa da falta de acessibilidade, porque os acessos à estação são fantásticos e só falta que todos os comboios parem», defende também Maria Clara Correia, a dinamizadora do movimento “Queremos o Intercidades a parar em Vila Franca das Naves”, criado este mês numa rede social. Além disso, a exigência socorre-se ainda da «crise nacional», nomeadamente do aumento dos combustíveis e da introdução de portagens nas autoestradas que anteriormente não tinham custos para o utilizador. «As pessoas cada vez mais fazem contas à vida e uma deslocação para qualquer zona do país fica mais barata de comboio do que de carro», argumenta Maria Clara Correia, que chega mesmo a afirmar que as populações do interior só não readquirem o hábito de recorrer aos transportes públicos porque a oferta não é suficiente.
António Oliveira também acredita que a introdução de portagens, já a partir do próximo mês, poderá levar a que «mais pessoas comecem a optar pela via ferroviária». O autarca apresentou, por isso, uma proposta em reunião de Câmara, no final de fevereiro, para que a autarquia se empenhasse nesta causa. Além da empresa e do ministério, foi também notificada a Associação de Municípios do Vale do Côa «para apoiar esta reivindicação pela paragem de todos os comboios, já que também é do interesse destes territórios a Norte, que agora estão mais próximos através do IP2», esclarece António Oliveira. Apesar de ainda não ter analisado o documento, o presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, Gustavo Duarte, concorda que esta reivindicação pode «ser benéfica para o concelho» e, por isso, não vê «nenhum inconveniente» em apoiar a causa.
Para António Oliveira, o pedido feito à CP pela autarquia não anda longe da vontade da população: «Este é também o anseio das pessoas de Vila Franca das Naves e com o qual nos identificamos perfeitamente», assegura. Já Maria Clara Correia, que costuma utilizar este meio de transporte, garante que existe na Beira Alta «um número crescente de gente a preferir viajar de comboio». Este não é o primeiro movimento a exigir a paragem de todos os comboios em Vila Franca das Naves. «Em 1999, um outro cidadão alertou a população e os governantes para esta causa, tendo mesmo havido manifestações», recorda.



























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