A Riqueza da castanha
A castanha constituiu
um importante contributo calórico ao homem pré-histórico que também a utilizou
na alimentação dos animais. Os romanos incluíam a castanha nos seus banquetes.
Durante a Idade Média, nos mosteiros e abadias, monges e freiras utilizavam
frequentemente as castanhas nas suas receitas. Por esta altura, a castanha, era
moída, tendo-se tornado mesmo um dos principais farináceos da Europa. Cozidas,
assadas ou transformadas em farinha, as castanhas sempre foram um alimento
muito popular, cujo aproveitamento remonta à Pré-História. Em Portugal na
década de oitenta, ouve um aumento significativo da área do Castanheiro, em
particular na nossa zona do Interior. “Na DOP “Castanha dos Soutos da Lapa”,
verificou-se um aumento de 1 121
hectares na área plantada de soutos, na década de 1989-99 Segundo o RGA-99
(INE), o concelho de Trancoso detinha o maior número de explorações e de área
plantada.”
Não é portanto de
estranhar, que em tempos de crise se procure novamente voltar ao passado,
aproveitando os recursos da região para valorizar o produto.
Descobri recentemente que existe em Vila
Franca das Naves uma pastelaria que quis tornar a castanha Rainha das suas
montras. Para testemunhar a qualidade de tão especial iguaria estão os fregueses
assíduos, que em busca do raro doce se deslocam para conseguirem provar o
pastel inigualável por estas bandas. Por certo deveria ter-se em conta a
ousadia e risco ao decidir arriscar num doce tradicional, mas também todos
conhecemos a história da sardinha doce. Está presente nas nossas memórias a
ausência de conhecimento de tão rico doce Conventual, hoje é reconhecido em
todo País, possui ate uma confraria. Pergunto eu, em humilde desabafo, porque
não valorizarmos um produto tão rico como a castanha, para divulgarmos o pastel
divino?
Por agora, sabemos
que o pasteleiro de Vila Franca das Naves, não tem mãos a medir. A confeção do
dito pastel de castanha veio a tornar-se um sucesso inesperado e impensável.
Tentei junto da proprietária saber os ingredientes, mas diz,” ser
segredo”. Sei apenas que a base é muito
parecida a de um pastel de nata, mas o tal segredo está no recheio, pois tem
sabor a castanha, não se torna enjoativo e dá vontade de comer outro.
Apesar de ter sido
colocada num plano secundário, este fruto continua a ser muito apreciado. Mal
chega o mês de Novembro e é ver as castanhas "quentes e boas" pelas
ruas nas bancas dos vendedores, libertando um apetitoso cheiro. Apesar da sua
importância ter decrescido, a castanha ficou para sempre associada a vários
pratos da gastronomia regional portuguesa.
M.C.C.
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