terça-feira, 7 de maio de 2013

A Beira


A Riqueza da castanha

A castanha constituiu um importante contributo calórico ao homem pré-histórico que também a utilizou na alimentação dos animais. Os romanos incluíam a castanha nos seus banquetes. Durante a Idade Média, nos mosteiros e abadias, monges e freiras utilizavam frequentemente as castanhas nas suas receitas. Por esta altura, a castanha, era moída, tendo-se tornado mesmo um dos principais farináceos da Europa. Cozidas, assadas ou transformadas em farinha, as castanhas sempre foram um alimento muito popular, cujo aproveitamento remonta à Pré-História. Em Portugal na década de oitenta, ouve um aumento significativo da área do Castanheiro, em particular na nossa zona do Interior. “Na DOP “Castanha dos Soutos da Lapa”, verificou-se um aumento de 1  121 hectares na área plantada de soutos, na década de 1989-99 Segundo o RGA-99 (INE), o concelho de Trancoso detinha o maior número de explorações e de área plantada.”

Não é portanto de estranhar, que em tempos de crise se procure novamente voltar ao passado, aproveitando os recursos da região para valorizar o produto.

 Descobri recentemente que existe em Vila Franca das Naves uma pastelaria que quis tornar a castanha Rainha das suas montras. Para testemunhar a qualidade de tão especial iguaria estão os fregueses assíduos, que em busca do raro doce se deslocam para conseguirem provar o pastel inigualável por estas bandas. Por certo deveria ter-se em conta a ousadia e risco ao decidir arriscar num doce tradicional, mas também todos conhecemos a história da sardinha doce. Está presente nas nossas memórias a ausência de conhecimento de tão rico doce Conventual, hoje é reconhecido em todo País, possui ate uma confraria. Pergunto eu, em humilde desabafo, porque não valorizarmos um produto tão rico como a castanha, para divulgarmos o pastel divino?

Por agora, sabemos que o pasteleiro de Vila Franca das Naves, não tem mãos a medir. A confeção do dito pastel de castanha veio a tornar-se um sucesso inesperado e impensável. Tentei junto da proprietária saber os ingredientes, mas diz,” ser segredo”.  Sei apenas que a base é muito parecida a de um pastel de nata, mas o tal segredo está no recheio, pois tem sabor a castanha, não se torna enjoativo e dá vontade de comer outro.

Apesar de ter sido colocada num plano secundário, este fruto continua a ser muito apreciado. Mal chega o mês de Novembro e é ver as castanhas "quentes e boas" pelas ruas nas bancas dos vendedores, libertando um apetitoso cheiro. Apesar da sua importância ter decrescido, a castanha ficou para sempre associada a vários pratos da gastronomia regional portuguesa.

 

 

M.C.C.
 
 
 

 

 

 

 

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